A DIDÁTICA é uma ciência novíssima
Isso acontece cada vez que no dinamismo essencial da construção de conhecimentos se consegue um avanço estrutural. O dinamismo que caracteriza os saberes fazem deles o que há de mais obsoleto no mundo. Os conhecimentos envelhecem e morrem.
Foi o que aconteceu em Física com a relatividade e com a teoria quântica.
Foi o que aconteceu em medicina com a descoberta dos micróbios.
Foi o que aconteceu na astronomia quando Copérnico e Galileu constaram que era a terra que girava em torno do sol e não o contrário.
Foi o que aconteceu na psicologia com a descoberta do inconsciente…
E assim por diante, agora e sempre, na tentativa de entender a realidade, acontecerão mudanças.
Nas ciências da educação a descoberta de que o processo de aprender tem lógica diferente daquela que preside a explicitação dos conhecimentos científicos, mexe com tudo que até então se pensava nessa área.
A constatação de Regine Dounady, nos idos de 1980, de que “não se aprende primeiro a teoria para posteriormente aplicá-la, mas se forja a teoria na dinâmica da resolução de problemas que a envolvem” devia provocar uma ruptura com o ensino convencional, que infelizmente até hoje não aconteceu. Sua tese de doutorado foi a da inversão do binômio sujeito/objeto, no sentido até então vigente – em aprendendo /eu aplico. Não, primeiro se opera e a partir dessa ação é que se aprende.
Na esteira de Regine Dounady, ou melhor na esteira de uma grande comunidade internacional de pensadores, a respeito do aprender, inicialmente em matemática, em múltiplas trocas, contribuíram para que Gérard Vergnaud chegasse à Teoria dos Campos Conceituais. Ela é capaz de abrir um novo e surpreendente caminho para as ciências da educação. Por isso, a Didática é uma ciência novíssima.